Todos os dias ele via aquele casal sentado na varanda do apartamento da frente. De manhã, quando saia para trabalhar. De noite, quando voltava da academia. Foi assim durante quase um ano inteiro.

Já se sentia parte da família. Imaginava o bom dia apressado, o boa noite cansado, o sorriso que acalmava os dias. Não tinha problemas o mundo estar fora do lugar. Ter eles ali ajudava a encarar a saudade de casa.

Até que um dia, uma terça-feira qualquer, não havia ninguém. Estranhou, mas pensou: devem ter saído de férias. Não se preocupou.

No dia seguinte, chegando do trabalho, viu o marido de volta. Sozinho, cabisbaixo, com o olhar perdido. Segurava nas mãos uma foto.

Entrou, sentou e chorou. Sabia que seu mundo também tinha ficado mais vazio.