Daqueles

data

O dia havia sido desgastante. Muito trabalho, muito estresse, muito de tudo e pouco do que ela gostava. Quando chegou em casa, só queria relaxar e esquecer.
Tomou um banho, preparou um lanche e ligou a televisão. Estava fora do ar. Amaldiçoou os céus, ligou na central de atendimento, amaldiçoou todas as gerações de toda a humanidade. Desistiu.

Abriu, então, o livro que estava jogado na sua cabeceira há semanas. Uma amiga havia indicado, e ela jura que tentou, mas não passava da página trinta. Tentou de novo, e de novo, até que desistiu.

Encarou a prateleira e até cobiçou começar uma nova leitura, mas já estava tão desanimada que nada parecia interessante de verdade. Olhou para o celular, pensou, hesitou, e resolveu que o final do seu dia acabaria melhor longe das redes sociais.

Juntou todas as folhas em branco que encontrou, lápis de cor, giz de cera, cola, linha, jornais velhos, revistas, fotos antigas, tesoura, régua, tudo. Escolheu um bom disco, abriu um bom vinho, começou a brincar.

Ela teve um dia daqueles. Mas foi assim, no meio do caos, que ela se descobriu artista.

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