Ele gostava de almoçar sozinho. Não era falta de companhia ou desagrado com os amigos, só um hábito que começou quando se mudou pra cá e ainda não conhecia ninguém.
Ele gostava de almoçar sozinho para observar as pessoas. E ali, naquele momento, ele criava histórias. A senhora que almoçava com a neta, o homem de terno que não desgrudava do telefone, os namorados que também não desgrudavam, os amigos comemorando um aniversário, as amigas discutindo os planos da nova empresa, os rivais discutindo quem tinha o melhor atacante. Todo mundo virava personagem e ganhava uma nova razão para estar ali.
Ele gostava de almoçar sozinho para transformar estranhos em amigos.